Dudu Teruszkin, do blog Papai Terapia, conta como dois tracinhos vermelhos mudaram completamente a sua vida.
Vou ser pai. Pai da Maitê. A verdade é que nunca imaginei o tamanho do impacto que essa frase teria para a minha vida. Aliás, tá aí o primeiro impacto. A partir de agora, não existe mais “a minha vida”, aqueles dois tracinhos vermelhos que apareceram no teste de gravidez mudaram até o sujeito da frase. Agora meus amigos, é tudo no plural!
Mas antes de falar como isso tudo aconteceu, acho que o mais correto seria eu me apresentar para você, afinal, por que você leria um texto de um cabra que você nunca ouviu falar? O manual de educação suplementar que a minha esposa me apresentou (e me obrigou a ler) depois de nos casarmos tem um capítulo inteiro dizendo que eu devo me apresentar para as pessoas antes de sair falando, por isso, aqui vai. Me chamo Eduardo, sou carioca, publicitário, gosto de japonês e choro toda vez que tenho que pagar a conta do restaurante. Além disso eu venho escrevendo faz alguns anos sobre relacionamento, casamento, vida a dois e, a partir de agora, paternidade. Você pode ler mais sobre o que penso nos meus canais nas redes sociais (procure por @noivoterapia ou @papaiterapia) ou comprando o meu livro (Como realizar o casamento dos seus sonhos) em alguma livraria desse Brasil.
Seu objetivo é conquistar todos os territórios (que te sobrarem).
Bom agora que já estamos devidamente apresentados, vamos voltar ao assunto principal: vou ser pai! Como tinha falado, agora tudo é no plural. Até depois do casamento, eu e minha esposa guardávamos uma distância segura entre o que era nosso, como nossa casa, nosso cachorro, nossa cerveja de final de tarde, para o que era de cada um, como a ida semanal dela ao salão para fazer as unhas, e a minha cerveja de final de tarde. Essa individualidade era, e é, fundamental para a manutenção da paz em nosso pequeno pedaço de terra, que usualmente chamamos de casa. Para que você entenda melhor, vou tentar colocar em um cenário mais próximo da sua realidade: era mais ou menos como se tivéssemos um continente de “WAR” à nossa disposição, e cada um colocava os seus exércitos onde era mais conveniente. Assim como no jogo, as vezes temos objetivos que se completam, e por isso nos juntávamos para conquistá-los (quando por exemplo nos juntamos para acabar com um amigo no jogo, só pela piada), e as vezes temos objetivos conflitantes, onde: ou um deixa o outro seguir e sair vencedor, ou então o nome do jogo (guerra) começa a fazer um certo sentido, e aí meu amigo, sai da frente que nem Vladivostok se salva.
Depois da grande notícia das nossas vidas, eu meio que senti que tudo virou minha responsabilidade. E que agora a vida não é mais minha, a vida é nossa. E quando digo tudo, não se impressione, é tudo mesmo. O fato de me sentir responsável por um ser que até então só iria habitar, ao menos pelos próximos meses, o confortável conjugado que é a barriga da minha esposa, me fez ter uma breve crise de pânico. Por mais que sejamos planejados, e que tenhamos nos preparado financeiramente para ter um filho, no fundo é mais que isso. Não é só o dinheiro, ainda que ele seja parte fundamental no assunto, a “responsa” é muito maior, meu caro. Eu me liguei que agora a vida real tinha chegado de verdade, mas ela não tinha chegado de mansinho, ela chegou de voadora, mas não qualquer voadora, aquela voadora boladona que o nosso saudoso Liu Kang dava no Mortal Kombat, aquela meio que na pedalada, cheia de gritos e como se não houvesse amanhã. Agora eu teria a responsabilidade de colocar em nosso mundo e educar um ser-humano que faça a diferença, tenha caráter e ao menos seja melhor do que esse monte de bossais que vemos por aí. Aí eu me perguntei: será que estou preparado pra isso? E me respondi: se não estou, vou estar!
Essa barriga também é sua meu camarada!
O ponto é esse meu amigo. A chegada de um filho, é a oportunidade de nos tornarmos pessoas melhores. E isso é a melhor coisa que tem. E é o que tenho feito. Tenho me envolvido em cada etapa dessa gravidez, tenho mostrado para a minha esposa que agora, mais do que nunca, nós somos uma família. E que agora, o que era antes uma preocupação dela, agora é minha também e que pelo menos até o nascimento da nossa pequena (sim, já sabemos o sexo, mas mais em frente falamos sobre isso), ela não precisa se preocupar com nada, que por enquanto, pode colocar na minha conta, papai tem costas largas, e ele vai dar um jeito de resolver. Essa gravidez foi o presente que esperávamos para nos tornarmos o que sempre sonhamos, o que nascemos para ser e o que está cravado em nosso DNA: sermos Pais.
Por isso meu parceiro, faça isso, viva a gravidez a dois. É claro que você não vai sentir tantas coisas mudando quanto a sua digníssima, mas no fim das contas, você vai se sair bem e se tornar um ser-humano melhor. E sobre todas as coisas que eram suas ou dela, agora tudo é de vocês dois, quer dizer: a cerveja do fim de tarde, essa, pelo menos durante a gravidez, você não vai ter que dividir, essa é só sua. Aproveite!
Dudu Teruszkin é publicitário, casado com a Marina e futuro papai da Maitê. Ele escreve cartas para a sua filha todos os dias, e você pode encontrar em @papaiterapia.
A Infanti incentiva mães e pais a compartilharem suas histórias. As opiniões publicadas neste texto são pessoais e não necessariamente representam a visão da Infanti.